Este 08 de maio de 2020 marca o 50º aniversário do último álbum de estúdio dos Beatles, Let it Be. Um disco gravado quando a ruptura pessoal e criativa dos fab four já estavam bem evidentes. Disputas e desavenças infelizmente marcaram todo o processo de produção, mas o lançamento aconteceu e nós recebemos este belo presente.

Talvez se o lançamento tivesse sido uma tarefa deixada para John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, provavelmente nunca teríamos ouvido alguma nota deste disco. É inegável que a esta altura a banda já estava em cacos.

O então gerente da banda, Allen Klein, (uma das maiores desavenças de McCartney) supervisionou o álbum e também o documentário de mesmo nome, espremendo as últimas gotas restantes da unidade da banda. Confesso que o documentário é bem triste de assistir, pois o que enxergamos é uma briga de egos sem fim. Uma antipatia total.

Inicialmente a ideia de gravar este disco partiu de McCartney, que desejava o retorno da banda às raízes de um grupo de rock n’ roll, ao vivo, sem recorrer a magia do estúdio. Por isso, era conhecido como “projeto Get Back”. Mesmo partindo de um objetivo positivo, o trabalho se desintegrou de tal forma, que até mesmo Harrison sai da banda por um tempo.

A partir daí o caos se instalou e o produtor Phil Spector (também a contragosto de McCartney, mas muito amigo de Lennon), foi trazido para limpar a bagunça depois que George Martin desistiu e o engenheiro de som Glyn Johns, não conseguiu descobrir o que poderia ser feito com o que já havia sido gravado.

Esta confusão gera até hoje controvérsias quando falamos da sonoridade do disco, que traz a conhecida “parede de som”, marca de Spector, e não há um consenso sobre até que ponto a qualidade musical dos Beatles foi explorada nas faixas. Exceto as canções de McCartney, as demais já se parecem muito com os discos da carreira solo dos outros integrantes. Fica bem evidente as diferenças musicais em que todos seguiram após o fim dos Beatles.

Em entrevistas anos mais tarde, Harrison chegou a declarar que “voltar ao inverno frio do descontentamento com os Beatles foi muito doentio e infeliz”. Nos últimos meses o diretor Peter Jackson (Senhor dos Anéis), afirmou que vem aí um documentário sobre as sessões de gravação do álbum.

Ele também anunciou que o filme vai incluir a apresentação completa da banda no rooftop do prédio da Apple, em Londres. Talvez tenhamos um novo olhar a respeito de todo o caos emocional que rondava os Beatles na época. Esperamos que sim.

O fato é que apesar de tudo isso, Let it be segue sendo um clássico cheio de canções maravilhosas. É nele em que ouvimos “I’ve Got a Felling”, “Two of Us”, “The Long and Winding Road”, “Get Back” e claro, “Let it Be”.

Mesmo esgotados e sob muita tensão, os Beatles ainda entregaram ao mundo músicas incríveis. Coisas que só artistas com a grandeza dos Beatles seriam capazes de fazer.

Aprecie o álbum na íntegra e celebre esta data: