Não é mentira para ninguém que, desde há muito tempo, o vinil voltou a rodar com vigor em vitrolas por todo o mundo. Não a toa, aparelhos, lojas especializadas e até cantores lançando trabalhos no formato tem se multiplicado, algo bem diferente do ponto inicial: as manufaturas de discos, que mesmo presentes são, em sua maioria, quase artesanais.
E não somos só nós, rádio e ouvintes, que temos notado este fenômeno da “volta das bolachas” as prateleiras e as pontas de agulhas. Lá em 2017, entre um acorde e outros de sua guitarra, Jack White cuidava do futuro da Third Man Records, gravadora que abriu a duras pernas e expandiu suas atividades para uma fábrica de discos de vinil. Não a toa, muitos de seus trabalhos também contemplam este formato, nas mais variadas formas e cores.
Só que, sozinho, Jack percebeu que não consegue dar conta de um mercado cada vez mais crescente. E foi nesta vibe que, na última segunda-feira (14), o cantor fez um apelo em vídeo para que as grandes gravadoras voltem a investir em plantas de prensagem de discos, como no passado. Num vídeo publicado na conta da TMR, no YouTube, White fala sobre o problema da cadeia de suprimentos do vinil de forma bem direta. “É 2022 agora e não é mais uma moda passageira – os discos de vinil explodiram na última década e a demanda é incrivelmente alta. Uma pequena banda punk não consegue gravar seu disco sem esperar de oito a 10 meses”, argumentou.
A preocupação de White deve-se a alta demanda exige uma resposta a altura: novas plantas de prensagem para desafogar um mercado renovado e cada vez mais cheio de ouvintes do bom chiado. E o pedido foi direto na garganta das três grandes gravadoras da atualidade: Sony, Universal e Warner. “Embora todo o investimento e estrutura em vinil na última década tenha se originado de empresas e investidores independentes, os maiores problemas que vemos agora exigem grandes soluções. Imploro educadamente a eles que ajudem a aliviar esse atraso infeliz e comecem a dedicar recursos para construir as próprias usinas de prensagem”.
Recentemente, um relatório da MRC Data, em parceria com a Billboard, indicou pela primeira vez em mais de três décadas que as vendas de discos de vinil superaram as de CDs em quantidade de cópias. O formato correspondeu a 38,3% de todas as vendas, incluindo físicos e digitais, no mercado Estados Unidos, base dos estudos.
Outro problema é o preterimento de artistas independentes, que são deixados de lado para prensagens de artistas mais influentes e maiores na produção de discos de trabalhos especiais ou relançamentos. Os independentes passam trabalho dobrado para conseguir gravar e, se conseguem, tendem a esperar um tempo longo para finalizar suas obras.
Veja só o que diz White, diante da planta de prensagem da TMR:
E olha só: pra você ter ideia, veja como a RCA mostrava como era feito o disco de vinil lá em 1956. Outros tempos: