Foo Fighters se arrisca em novo disco “Medicine at Midnight”

Ah… a tal zona de conforto! Não é difícil que bandas e artistas veteranos fiquem presos nas fórmulas prontas ao longo dos anos. Infelizmente, o Foo Fighters estava neste ciclo nos últimos anos. Se em Wasting Light (2011), Dave Grohl surpreendeu o público com um disco cheio de vida, em Sonic Highways (2014) ele precisou vasculhar diferentes cidades dos EUA para encontrar inspiração.

Mediano ou não, o ostracismo parecia declarado no esquecível Concrete and Gold (2017). Mesmo sendo fã e até mesmo gostando um pouco de algumas faixas do disco, ali eu quase tive a certeza de que não sairia mais nada de qualidade, o suco talvez tivesse se esgotado. E acredito que não foi só eu que senti isso, a mensagem pareceu clara também para o líder dos Foos.

Desde que os rumores deste novo disco começaram a surgir, Dave Grohl logo tratou de avisar que o disco teria uma sonoridade diferente. Para a loucura dos saudosistas vestidos de flanela, ele inclusive usou referências pop, afirmando em entrevistas que o single de estreia “Shame, Shame”, não dava o tom do álbum que estava por vir. E foi ali que ele reascendeu a vontade de apreciar mais um trabalho da banda.

Lançado hoje (05) nas plataformas digitais, Medicine at Midnight surpreende em vários momentos, em outros simplesmente está ali por existir. Faixas como “Waiting on War” e a que dá nome ao disco, misturam a velha fórmula de rock de arena com as referências citadas por Grohl: David Bowie e a disco music. Também fica bem evidente o esforço da banda em trazer novas linhas vocais (principalmente com a inserção de vozes femininas) e também trabalhar em composições mais bem elaboradas do que o velho “estrofe – refrão – estrofe – canta baixinho – solo – grito até acabar”.

Como o disco foi produzido antes da pandemia, fica no ar uma mensagem mais positiva, sem a influência direta dos momentos pelos quais todo mundo vive agora. Mesmo em “Waiting on War”, onde a letra parece ter sido escrita diretamente para dar tchau à Donald Trump, as composições não fazem referência aos acontecimentos recentes.

Caso você seja fã, aprecie e enxergue o esforço de uma banda que poderia apenas sentar e assistir o mesmo filme. Caso você seja um apreciador da boa música, inevitavelmente perceberá que o álbum traz inconstâncias em seus curtos 36 minutos e nove faixas.

Mas se existe algo que este álbum merece ser reconhecido. Não podemos só lamentar o fato de que provavelmente não ouviremos essas canções ao vivo, mas recebemos a oportunidade de aproveitá-las e sentir um pouco de sua alegria nesta pandemia. Como o próprio Dave Grohl afirma, isso é algo que vale a pena ser compartilhado.

Ouça o disco na íntegra:

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