Tango e Rock progressivo: O gosto musical do Papa Francisco

O Papa Francisco morreu na manhã desta última segunda-feira (21) após enfrentar uma série de problemas de saúde. Ele tinha 88 anos e a informação de sua morte foi divulgada pelo Vaticano por volta das 7h35 da manhã do dia 21, através do camerlengo Kevin Farrell. “Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. (…) o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”,

Papa Francisco ainda seguia em recuperação de um quadro respiratório grave e ficou 37 dias internado em um hospital, entre fevereiro e março deste ano. Seu último ato foi neste domingo (20), quando celebrou a Páscoa com os seus fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano, entre musicas e aplausos como sempre se acostumara a receber na vida.

Em seu lado musical da vida, o Sumo Pontífice tinha um gosto musical eclético e refinado, refletindo tanto suas raízes argentinas quanto sua apreciação por música clássica e lírica. Seus estilos variavam entre o clássico, o tradicional das esquinas de Buenos Aires e, acredite, até mesmo uma dose de Rock, deixando impresso também no som o seu lado “pop”.

Francisco era um grande admirador de Mozart, Beethoven e Bach. Ele considerava a peça “Et Incarnatus Est“, da Missa em Dó menor de Mozart, como insuperável, dizendo que ela o levava a Deus. Além disso, ele apreciava a soprano argentina Haudée Dabusti, conhecida como a “Maria Callas de Buenos Aires”.

Já se falando na capital portenha e como bom argentino, o Papa tinha um carinho especial pelo tango e pela milonga, gêneros musicais típicos da região do Rio da Prata. Ele gostava particularmente do lendário Carlos Gardel, um dos maiores ícones do tango. No livro “O Jesuíta“, ele revelou sua admiração pela cantora Ada Falcón, que interpretava milongas com um estilo mais alegre e dançante.

Agora, o mais surpreendente reside aqui: em 2015, Francisco surpreendeu ao lançar um álbum chamado “Wake Up!“, que misturava Rock Progressivo com cânticos litúrgicos e trechos de seus discursos. Essa iniciativa mostrou sua abertura ao diálogo entre tradição e modernidade, fato que provou também durante a vida com encontros com ícones da música, das artes e dos esportes.

O Papa também apreciava, como de hábito, a música religiosa e já pediu que fiéis cantassem “Vive Jesús El Señor” durante um encontro em Roma. Em eventos públicos, ele demonstrava entusiasmo por apresentações musicais, como quando aplaudiu Mariza cantando fado em Lisboa.

Com um um gosto musical diverso e sofisticado, unindo tradição e espiritualidade, o Papa Francisco já foi visto comprando CD’s de música clássica em lojas de discos em Roma, o que mostra sua relação próxima e genuína com a música, ainda mais no formato analógico. Quis os lances da vida que sua última aparição pública fosse num 20 de abril, que além da Páscoa, era também o Dia do Disco de Vinil.

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