Billie Eilish e Coldplay cogitam produzir discos de vinil mais sustentáveis

O vinil, uma das formas mais populares de consumir música dos anos 80, está voltando a ser um destaque. Em 2023, pela primeira vez em 35 anos, as pessoas compraram mais discos de vinil do que CDs. Muito disso se deve aos colecionadores e amantes de música quererem de volta o hábito tradicional e nostálgico de escutar grandes obras pelo toca-discos. A moda se tornou tão forte entre os fãs, que muitos dos principais artistas das paradas contemporâneas continuam colocando seus lançamentos à venda no formato de disco.

Mas quais problemas vem com esse crescimento de vendas? O notável ressurgimento do suposto antiquado jeito de ouvir música aumentou as preocupações em relação às consequências relacionadas ao transporte de milhões de discos de plástico. Em entrevista para a Billboard, Billie Eilish falou sobre a nova estratégia de artistas de lançar diferentes versões de embalagens de discos de vinil só para aumentar suas vendas.

“Não consigo nem expressar o tamanho do desperdício que é. Como alguém que realmente sai do seu caminho para ser sustentável e tenta envolver todo o time para fazer o mesmo, eu acho frustrante que alguns dos maiores artistas do mundo fazem 40 versões diferentes de embalagens de discos só para fazer você continuar comprando mais”.

A cantora não está sozinha com suas preocupações ambientais, já que nos últimos anos surgiram várias outras iniciativas para fazer com que o próprio vinil e a sua produção seja mais sustentável. E agora, elas estão finalmente sendo colocadas em prática, incluindo produtos do mercado de massa. A própria Billie, por exemplo, lançou seu último álbum “Hit Me Hard and Soft” de um jeito mais ecológico, especialmente na versão de vinil e fita cassete. Além disso, o Coldplay anunciou recentemente que seu novo álbum “Moon Music” vai ser lançado em uma variedade de formatos que se encaixam nos novos padrões de sustentabilidade.

A maior alternativa para produzir os discos de maneira mais ecológica é se afastar do material que eles sempre foram feitos: o polímero plástico ou PVC – que contém produtos químicos cancerígenos adicionados em sua fabricação e produz todos os tipos de resíduos tóxicos. No caso da produção do “Moon Music”, o Coldplay fez uma parceria com a empresa alemã Sonopress para lançar o disco ecológico. Neste caso, ao invés de usar o PVC, o vinil será feito de plástico PET, que é mais reciclável. De acordo com a empresa, sua composição pode ser constituída 100% por produtos PET reciclados, tendo no caso das garrafas PET, a proporção de aproximadamente 9 garrafas para um disco.

A banda também constatou que a produção de seus LPs de vinil – em comparação com os tradicionais LPs de vinil de 140g – evitaria o uso de 25 toneladas de plástico virgem, ao mesmo tempo que reduziria 85% das emissões de CO2 durante o processo de fabricação. Além disso, existe outra maneira de tornar o processo de fabricação do vinil mais sustentável com o próprio PVC. Para “Hit Me Hard and Soft”, Billie usou um disco feito a partir de discos rejeitados e cortes em excesso de vinil recém-prensado, triturando-os novamente e usá-los em novos álbuns.

Fora o disco de vinil em si, Billie pensou na sustentabilidade da embalagem de seus produtos. A tinta usada para a capa do seu último álbum foi “verniz de dispersão vegetal bruto e de dispersão aquosa”, sendo anunciadas como “100% recicláveis ​​e reutilizáveis” em vez das embalagens retrátil descartáveis.

Todas estas inovações são bem-vindas e esperamos que se tornem mais difundidas nos próximos anos. Mas, como Billie sugeriu em entrevista à Billboard, para que as mudanças realmente façam a diferença, as grandes corporações que dominam a indústria musical precisam ser convencidas a adotarem essas práticas.

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